Horinhas


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Outro Mundo

Dias passam e eu já não sei mais o que fazer ou pensar . São emoções a mais para um coração como este, partido em pedaços que tu com o teu regresso vais colando aos poucos. É inevitável o deixar cair das lágrimas quando te sinto longe mim. Tenho as mãos geladas de tanto escrever, nomeei a caneta como minha parceira e o caderno como meu confidente. É ele que me enxuga as lágrimas visto que todas elas acabam por distorcer as meras palavras que vindas do coração ali permanecem no esquecimento. Papéis esse que mais tarde irei queimar ou simplesmente rasgar para que ninguém os leia e entenda o quanto eu te amo . Enquanto escrevia questionava se algum dia sairia daquele beco, de repente senti algo na minha face e corri para o espelho .O choro aumentou a intensidade pois as lágrimas que escorriam na minha face continham um veneno nunca antes visto, não achava possível tal reacção , que veneno seria esse? como escorria ele pelo meu rosto cansado? Era o veneno da paixão , paixão pela vida, pelo sorriso, pelos sonhos. Essa paixão que me fez caminhar durante anos e anos consumiu-me e transformou-se numa substância tóxica produzida no meu corpo ao ritmo em que a dor se apoderava do meu coração, entranhava-se no meu sangue. A intensidade da respiração deixava-me sem fala e sem explicação as lágrimas começavam a escorrer sem que nada as pudesse parar. Essas lágrimas portadoras do veneno que poderia ser mortal corroía-me a cara, como se senti-se pedaços de mim a evaporar. Os olhos perdiam a cor e eu deixava de conseguir enxergar o meu reflexo. A força saiu toda de uma vez de dentro de mim e eu caí agarrada ao pescoço tentando retirar as mãos de alguém que me tentava sufocar. As lágrimas escorriam para o peito e este começava a ser corroído também. Eu gritava mas apenas observava o movimento dos meus lábios pois a minha voz perdera-se no meio de tanta água que se apoderava de mim.O peito de tão corrido já deixava ver o coração , este com o gélido vento que por ali existia começava a ganhar uma cor fria e escura. Tentei levar as mãos ao peito para o proteger mas alguém as agarrou. Mais uma vez tentei gritar e não obtive resposta, nem o meu eco eu consegui ouvir. As lágrimas que tinha deixado cair no caderno começavam a manifestar e a corroer pequenos pedaços de papel de incrível valor emocional. Acabei por me render, já não consigui-a sequer chorar quanto mais lutar contra uma força tão poderosa. Nos resto do corpo que ficou escrevi com uma unha afiada. "Morta pelo Mundo". E caí deixando o sangue sair do corpo pelos olhos, boca, e partes corroídas. No dia seguinte acordei num Mundo triste paredes feitas de corações cujo cimento era o sangue que milhares de pessoas como eu deixaram cair em forma de sofrimento. O chão era feito de corpos que apenas sobreviviam porque obtinham ar. Em que mundo estaria eu ? Sozinha, com a dor que deixas-te.


Elsa Sofia , 10.05.2010, 22:28-22:46

8 comentários:

  1. espectacularmente fantástico :o
    vou seguir*

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  2. Gostei bue do texto Elsinha *.*
    Identifico-me bué contigo :b

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  3. Adorei, uma escrita bastante diferente do que estou habituada, mas gostei, de verdade (:
    Também estas de parabéns :D

    Beijinho*

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  4. E no final dão coisas muito bonitas (:

    Beijinho*

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  5. Textos muitoo giros +.+

    gostei muitoo *-*

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  6. Exacto, ainda que não queria que esteja ligado a essa pessoa, não conseguimos controlar isso.

    Beijinho*

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  7. Sem dúvida o post de que mais gostei.
    Transmite todos os sentimentos que são abordados nos outros, mas de uma forma que qualquer um é capaz de perceber e é capaz de sentir, sentir a dor, a impotência de não poder fazer nada, o quanto o ser humano consegue sobreviver infeliz. Tudo!
    Identifico-me com este post, talvez daí ser o meu preferido pelo menos por enquanto, não é?
    A necessidade de escrever, a incapacidade de alcançar o que realmente se deseja, falta qualquer coisa Elsinha. Há algo que nos escapa de certa forma!
    Amei. ;)

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